JOHANNESBURGO, Junho, (IPS) - Cerca de um milhão de pessoas sempre precisam do tratamento antiretroviral em quatro países da África Austral, segundo Médicos Sem Fronteiras (MSF), uma organização não governamental global que presta os serviços médicos.
Por: Moyiga Nduru
Apesar da queda nos preços dos medicamentos que tratam o VIH/SIDA, e um aumento no financiamento global do VIH/SIDA de 2 bilhões de dólares americanos em 2001 á 8.3 bilhões de dólares os desafios do VIH/SIDA permanecem.
Por isso, embora o número de pessoas que recebem os antiretrovirais na África estiver a 1.3milhões cerca de 70 porcento da população do continente continua sem acesso a estes medicamentos.
Segundo um novo relatório do MSF, ‘‘Enfrentando a Crise dos Trabalhadores Médicos e Alargando o Acesso ao Tratamento para o VIH/SIDA'', lançado em Johannesburgo no fim de Maio, mais de uma milhão de pessoas na África do Sul, na Moçambique, no Malawi, e no Lesotho, sempre precisam de tratamento.
No Lesotho, apenas 17,700 de 58,000 têm acesso ao tratamento. No caso de Malawi. 59,900 pessoas recebem o tratamento enquanto que 169,000 não o recebem. A situação moçambicana não é melhor com apenas 44,100 recebendo tratamento e 237,000 sem acesso. Embora seja mais desenvolvida a África do Sul só tem o tratamento para apenas 265,000 pessoas de um total de 983,000.
‘‘A limitação principal a expansão do tratamento antiretroviral nestes quatro países é a falta do pessoal para cuidar de um número cada vez maior de doentes,'' disse o Eric Goemaere, o chefe da MSF na África do Sul, falando com os jornalistas.
Por isso muitas pessoas estão a morrer que não deviam morrer. No Lesotho por exemplo, com uma população de 1.8 milhões de pessoas 23,000 pessoas morrem por ano do VIH/SIDA, disse a MSF.
Uma pesquisa feita nos quatro países da África Austral mostra que apenas o Malawi e o Lesotho permitem aos enfermeiros de prescrever os antiretrovirais e monitorizar o tratamento.
‘‘Em Moçambique, os enfermeiros não podem prescrever os antiretrovirais más poderíamos salvar muitas vidas se fossem permitidos,'' disse aos jornalistas o Daniel Nhantumbo, um técnico médico do MSF em Moçambique.
Uma colega dele a Pheelo Lethola, um medico de MSF no Lesotho, está de acordo. ‘‘Mais pessoas vão morrer se dependermos apenas dos médicos, particularmente nas zonas rurais e montanhosas,'' disse ela.
No relatório do MSF, a Emily Makha, uma enfermeira de 70 anos em Kena, uma clínica rural no oeste de Lesotho, falando sobre a prescrição dos antiretrovirais disse ‘‘Como a única enfermeira aqui, eu tenho que fazer o trabalho de quatro enfermeiras. Eu tomo a sangue, eu trato dos casos ante e pós natais eu trato dos casos gerais, e do parto de bebés.
‘‘Quando tenho que ir algures, a clínica fica fechada. A maioria das enfermeiras partiram para o Reino Unido ou para a África do Sul. De fato, se eu fosse mais jovem, eu também teria partido,'' disse a Makha no relatório do MSF.
‘‘A cuida para os doentes de sida nas clínicas rurais depende das enfermeiras,'' disse a Lethola. ‘‘As horas de consulta não bastam, e os doentes sofrem sem causa.''
Actualmente os antiretrovirais são a única esperança para as milhões de pessoas vivendo com o VIH/SIDA. ‘‘Se os medicamentos fossem bem prescritos um paciente deve se sentir melhor dentro de seis meses,'' disse o Goemaere.
O apelo do MSF para o maior acesso aos antiretrovirais vem depois de uma marcha realizada há um mês co capital comercial sul africano de Johannesburgo. Duzenas de activistas da sociedade civil participaram na marcha, dirigida pela Oxfam.
Exigiram que os 53 ministros de saúde da União Africana (UA), que se reuniam em Johannesburgo naquela altura, dão prioridade ao objectivo da Organização Mundial para a Saúde (OMS) de atingir o acesso universal a prevenção, ao tratamento e ao apoio na abordagem do VIH/SIDA, a tuberculose e o paludismo no continente, pelo ano 2010.
Os activistas dizem que a demora na prestação do tratamento é devida a falta da vontade política. ‘‘Os governos devem ser pressionados a abordar os assuntos da prescrição e da distribuição dos antiretrovirais,''disse o Regis Mtutu de Treatment Action Campaign, uma campanha para o tratamento, baseado no Cabo, numa entrevista com a IPS. ‘‘Oito milhões de africanos morrem do VIH/SIDA, da tuberculose e do paludismo cada ano. Queremos parar com isto,'' disse ele.
Em 2001 os chefes dos estados africanos reuniram se em Abuja, o capital de Nigéria, e comprometeram 15 porcento dos orçamentos nacionais deles á saúde como parte da posição comum para o acesso universal na África. ‘‘Seis anos mais tarde apenas dois países - Botswana e Gâmbia cumpriram esta promessa,'' disse o Mtutu, que participou na marcha em Johannesburgo.
Numa outra reunião em Maio de 2006 em Abuja, os chefes de estado comprometeram-se aos alvos de atingir 80 porcento da distribuição dos antiretrovirais e da prevenção da transmissão mae-criança pelo ano 2010. O Mtutu insistiu que os países individuais devem visar atingir ou ultrapassar o objectivo estabelecido em Abuja em 2006.
Actualmente, a maioria dos países no continente têm menos de 30 porcento de distribuição e apenas três países na África tem uma distribuição de mais de 50 porcento.
Por isso, embora o número de pessoas que recebem os antiretrovirais na África estiver a 1.3milhões cerca de 70 porcento da população do continente continua sem acesso a estes medicamentos.
Segundo um novo relatório do MSF, ‘‘Enfrentando a Crise dos Trabalhadores Médicos e Alargando o Acesso ao Tratamento para o VIH/SIDA'', lançado em Johannesburgo no fim de Maio, mais de uma milhão de pessoas na África do Sul, na Moçambique, no Malawi, e no Lesotho, sempre precisam de tratamento.
No Lesotho, apenas 17,700 de 58,000 têm acesso ao tratamento. No caso de Malawi. 59,900 pessoas recebem o tratamento enquanto que 169,000 não o recebem. A situação moçambicana não é melhor com apenas 44,100 recebendo tratamento e 237,000 sem acesso. Embora seja mais desenvolvida a África do Sul só tem o tratamento para apenas 265,000 pessoas de um total de 983,000.
‘‘A limitação principal a expansão do tratamento antiretroviral nestes quatro países é a falta do pessoal para cuidar de um número cada vez maior de doentes,'' disse o Eric Goemaere, o chefe da MSF na África do Sul, falando com os jornalistas.
Por isso muitas pessoas estão a morrer que não deviam morrer. No Lesotho por exemplo, com uma população de 1.8 milhões de pessoas 23,000 pessoas morrem por ano do VIH/SIDA, disse a MSF.
Uma pesquisa feita nos quatro países da África Austral mostra que apenas o Malawi e o Lesotho permitem aos enfermeiros de prescrever os antiretrovirais e monitorizar o tratamento.
‘‘Em Moçambique, os enfermeiros não podem prescrever os antiretrovirais más poderíamos salvar muitas vidas se fossem permitidos,'' disse aos jornalistas o Daniel Nhantumbo, um técnico médico do MSF em Moçambique.
Uma colega dele a Pheelo Lethola, um medico de MSF no Lesotho, está de acordo. ‘‘Mais pessoas vão morrer se dependermos apenas dos médicos, particularmente nas zonas rurais e montanhosas,'' disse ela.
No relatório do MSF, a Emily Makha, uma enfermeira de 70 anos em Kena, uma clínica rural no oeste de Lesotho, falando sobre a prescrição dos antiretrovirais disse ‘‘Como a única enfermeira aqui, eu tenho que fazer o trabalho de quatro enfermeiras. Eu tomo a sangue, eu trato dos casos ante e pós natais eu trato dos casos gerais, e do parto de bebés.
‘‘Quando tenho que ir algures, a clínica fica fechada. A maioria das enfermeiras partiram para o Reino Unido ou para a África do Sul. De fato, se eu fosse mais jovem, eu também teria partido,'' disse a Makha no relatório do MSF.
‘‘A cuida para os doentes de sida nas clínicas rurais depende das enfermeiras,'' disse a Lethola. ‘‘As horas de consulta não bastam, e os doentes sofrem sem causa.''
Actualmente os antiretrovirais são a única esperança para as milhões de pessoas vivendo com o VIH/SIDA. ‘‘Se os medicamentos fossem bem prescritos um paciente deve se sentir melhor dentro de seis meses,'' disse o Goemaere.
O apelo do MSF para o maior acesso aos antiretrovirais vem depois de uma marcha realizada há um mês co capital comercial sul africano de Johannesburgo. Duzenas de activistas da sociedade civil participaram na marcha, dirigida pela Oxfam.
Exigiram que os 53 ministros de saúde da União Africana (UA), que se reuniam em Johannesburgo naquela altura, dão prioridade ao objectivo da Organização Mundial para a Saúde (OMS) de atingir o acesso universal a prevenção, ao tratamento e ao apoio na abordagem do VIH/SIDA, a tuberculose e o paludismo no continente, pelo ano 2010.
Os activistas dizem que a demora na prestação do tratamento é devida a falta da vontade política. ‘‘Os governos devem ser pressionados a abordar os assuntos da prescrição e da distribuição dos antiretrovirais,''disse o Regis Mtutu de Treatment Action Campaign, uma campanha para o tratamento, baseado no Cabo, numa entrevista com a IPS. ‘‘Oito milhões de africanos morrem do VIH/SIDA, da tuberculose e do paludismo cada ano. Queremos parar com isto,'' disse ele.
Em 2001 os chefes dos estados africanos reuniram se em Abuja, o capital de Nigéria, e comprometeram 15 porcento dos orçamentos nacionais deles á saúde como parte da posição comum para o acesso universal na África. ‘‘Seis anos mais tarde apenas dois países - Botswana e Gâmbia cumpriram esta promessa,'' disse o Mtutu, que participou na marcha em Johannesburgo.
Numa outra reunião em Maio de 2006 em Abuja, os chefes de estado comprometeram-se aos alvos de atingir 80 porcento da distribuição dos antiretrovirais e da prevenção da transmissão mae-criança pelo ano 2010. O Mtutu insistiu que os países individuais devem visar atingir ou ultrapassar o objectivo estabelecido em Abuja em 2006.
Actualmente, a maioria dos países no continente têm menos de 30 porcento de distribuição e apenas três países na África tem uma distribuição de mais de 50 porcento.
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