O director regional da Organização Mundial da Saúde, OMS, Luís Gomes Sambo, afirmou que cerca de 450 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de uma perturbação mental ou do comportamento, lê-se numa mensagem chegada nesta segunda-feira, à Angop.
Os estudos realizados até ao momento indicam que pelo menos 1 em cada 6 pessoas que visitam as unidades de cuidados de saúde primários sofre de uma forma de perturbação mental. A prevalência da esquizofrenia na nossa região está estimada em perto de 1%,refere Luís Gomes Sambo na mensagem, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental que hoje se assinala.
O director regional refere que esta afecção conduz a uma incapacidade grave e representa um fardo considerável para as famílias e as comunidades das pessoas afectadas. As perturbações do humor e as decorrentes do abuso de substâncias estão a tornar-se uma preocupação crescente na Região.
Para além disso, acrescenta, a ocorrência de catástrofes naturais, conflitos e outras formas de tensão social são causas comuns de perturbações mentais. Devido ao estigma e à discriminação, as perturbações mentais têm sido muitas vezes negligenciadas.
Desde a adopção da Estratégia Regional para a Saúde Mental há mais de uma década, pouco tem sido o aumento verificado do número de países que dispõem de políticas e planos nacionais de saúde mental, refere.
Até à data, sublinha a mensagem, apenas 50% dos países da Região possuem políticas nacionais de saúde mental. O investimento nos serviços de saúde mental continua a ser inadequado porque os recursos actualmente disponibilizados para enfrentar o colossal fardo dos problemas de saúde mental são insuficientes e o acesso aos serviços de saúde mental continua a ser bastante limitado.
Embora a estratégia regional advogue a favor da transferência de alguns recursos do nível dos cuidados terciários para o nível dos cuidados primários, adianta, a maioria das unidades e serviços de saúde permanece concentrada nas zonas urbanas, o que dificulta o acesso das pessoas com perturbações mentais aos cuidados nas suas comunidades bem como às unidades e aos serviços de saúde, e contribui ainda para o estigma e a discriminação.
Frisou que os países da Região gastam menos de 2% do seu orçamento total da saúde na área da saúde mental. Cerca de 80% desta fatia é gasta nos cuidados curativos, concentrados nos grandes hospitais urbanos, e tal facto conduz a uma lacuna considerável de tratamento entre os cuidados comunitários e os cuidados hospitalares.
Referiu que os governos da Região mostraram um claro compromisso em melhorar os cuidados de saúde mental, embora seja ainda necessário um aumento da afectação de recursos.
Por conseguinte, Luís Gomes Sambo exorta a todos os governos da região a investirem mais recursos nos serviços de saúde mental, aos níveis dos cuidados primários e comunitários, assim como a aumentarem a cobertura dos cuidados de saúde mental nas comunidades.
Afirmou ser urgentemente necessária a investigação orientada para a acção, juntamente com os ensaios clínicos, para avaliar as intervenções e os modelos que podem contribuir para melhorar a qualidade dos serviços de saúde mental.
Lançou um apelo aos parceiros no sentido de prestarem apoio aos programas de saúde mental com base na abordagem dos cuidados primários.
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