A comemoração do Dia Mundial de Luta conta o Paludismo, este ano, marca o fim da Década da ONU para fazer recuar a doença e oferece uma oportunidade para renovar o compromisso sobre a pandemia, considerou hoje o director regional da OMS para África, Luís Gomes Sambo.
O responsável, que falava em alusão ao Dia Mundial de Luta contra o Paludismo, que se assinala segunda-feira, 25, subordinado ao tema: "Alcançar Progressos e Causar Impacto", afirmou que a medida que "avançamos temos de pensar em alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) até 2015".
Dada a sua complexidade e o facto de envolver a saúde, assim como determinantes e consequências ambientais e socioeconómicas, o paludismo está practicamente relacionado com todos os ODM.
Como é bem sabido, é no "nosso canto do mundo que vivem cerca de 795 milhões de pessoas que se encontram expostas ao paludismo. A nível mundial, perto de 90 por cento das mortes associadas à doença ocorrem em África", sublinhou.
Os pobres, as crianças, as mulheres grávidas, as pessoas que vivem com o VIH/SIDA, as vítimas de conflitos e de catástrofes e
os viajantes não protegidos estão particularmente vulneráveis.
Por conseguinte, é fundamental efectuar progressos na luta contra o paludismo em África, para se conseguir alcançar as ambiciosas
metas traçadas no apelo do Secretário-Geral da ONU ao Acesso Universal a intervenções essenciais, na Declaração e Plano de Acção de Abuja, da UA, nas Resoluções dos Órgãos Directivos da OMS e no Plano Mundial de Acção contra o Paludismo (GMAP), da iniciativa Fazer Recuar o Paludismo (RBM).
Nesta perspectiva, é encorajante notar que as alianças de combate ao paludismo estão a ser reforçadas em toda a África. Por exemplo, a Aliança dos Líderes Africanos contra o Paludismo (ALMA) comprometeu-se a apoiar a eliminação das mortes por paludismo evitável até 2015.
A União Africana e as Comunidades Económicas Regionais também mantiveram o paludismo no topo das suas agendas da saúde e do desenvolvimento.
Os países e os parceiros estão a envidar esforços louváveis para acelerar e manter os progressos na prevenção e controlo do paludismo na nossa Região. Por exemplo, os países endémicos incluíram o paludismo nas suas estratégias de redução da pobreza.
Estão em curso revisões de programas e os planos estratégicos estão a ser actualizados para terem em conta as lacunas em termos de financiamento e de capacidadades para alcançar o acesso universal. A taxa de êxito das propostas relativas ao paludismo para o Fundo Mundial (GFATM) chegaram aos 80 porcento na 10ª Ronda.
Por conseguinte, as intervenções eficazes, incluindo a protecção contra o mosquito vector da doença, através do uso de Mosquiteiros Impregnados de Insecticida (ITN) e da Pulverização Residual Intradomiciliária (PRI), o tratamento rápido dos casos de paludismo através da terapêutica de associação à base de Artemisinina (ACT), o tratamento preventivo intermitente do paludismo em mulheres grávidas (IPTp) e em crianças (IPTi) estão a ser adaptados e intensificados.
As iniciativas trans-fronteiriças estão a catalizar os esforços para acelerar e manter o controlo nos países e, na medida do possível, prepará-los na transição para a pré-eliminação. O Mecanismo de Medicamentos Comportáveis para o Paludismo (AMFm) foi lançado no Ghana, Quénia, Madagáscar, Níger, Nigéria, República Unida da Tanzânia e Uganda, para garantir o acesso ACT de qualidade nas unidades do sector privado.
Estão em curso ensaios clínicos de vacinas contra o paludismo no Burkina Faso, Ghana, Gabão, Malawi, Moçambique, Tanzânia e
Quénia.
Quénia.
Até ao final de 2010, 11 países (Argélia, Botsuana, Cabo Verde, Eritreia, Madagáscar, Namíbia, Ruanda, São Tomé e Príncipe, África do Sul, Suazilândia, Zâmbia e Zanzibar, na República Unida da Tanzânia) registaram uma redução superior a 50 por cento nos casos e nos óbitos por paludismo.
A percentagem de agregados familiares que possuíam pelo menos um mosquiteiro impregnado (ITN) era de 42 por cento e 35 por cento das crianças menores de cinco anos dormiam sob a protecção de um ITN.
Para consolidar as conquistas obtidas até ao momento, é preciso garantir uma governação rigorosa para reforçar o desempenho e a responsabilização, mobilização de recursos adicionais, associar o desenvolvimento de programas para a doença ao reforço dos sistemas de saúde, melhor coordenação dos intervenientes e dos parceiros, sob administração nacional e o envolvimento efectivo de todos os indivíduos e comunidades expostas.
Entre os desafios fundamentais que os países devem suplantar, mencionam-se a fraca capacidade de vigilância, monitorização e avaliação, plataformas de investigação operacional inadequadas, falta de implementação de medidas regulamentadoras, tais como a proibição das monoterapias orais à base de Artemisinina e a monitorização inadequada da resistência dos parasitas aos antipalúdicos e da resistência dos mosquitos aos insecticidas.
O director regional garante que a OMS continuará a trabalhar com os Estados-Membros e os parceiros para promover a integração do controlo do paludismo nas políticas e nos planos de saúde e de desenvolvimento, mobilizar financiamento interno e externo, fomentar parcerias público-privadas, apoiar o alinhamento dos intervenientes e prestar orientações e assistência para assegurar o uso eficaz dos recursos para o desempenho e o impacto.
"Continuaremos igualmente a apoiar as iniciativas para a abolição de impostos e taxas nos produtos primários para o paludismo e a proibição da comercialização das monoterapias orais à base de artemisinina", disse.
Luís Gomes apela aos Governos, parlamentares, Organizações Não Governamentais, sector privado, grupos da sociedade civil, organizações religiosas e a todas as comunidades expostas a analisarem as realizações que alcançámos em comum e a mobilizarem recursos financeiros e humanos num impulso decisivo para acelerar ainda mais a prevenção e o controlo do paludismo, com vista ao progresso socioeconómico dos países da Região Africana.
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